O ALINHAMENTO DE LULA COM LÍDERES AUTORITÁRIOS: FATO, ESTRATÉGIA OU RISCO?

Por: Kátia Armini
Por muito tempo, falar sobre alianças políticas internacionais era assunto restrito a diplomatas e analistas geopolíticos. Mas os tempos mudaram. Hoje, qualquer cidadão minimamente atento consegue perceber que o Brasil não caminha apenas por decisões econômicas ou técnicas, mas por sinais ideológicos claros e, muitas vezes, preocupantes.
Desde que voltou ao Planalto, o presidente Lula tem adotado uma política externa que afaga ditaduras e relativiza violações de direitos humanos com a mesma facilidade com que critica democracias liberais.
Chamou de “narrativa antidemocrática” o colapso institucional da Venezuela.
Defendeu Xi Jinping e o uso do yuan em vez do dólar, criticando abertamente a moeda americana.
Relativizou a guerra na Ucrânia, evitando condenar Putin, e reatou laços com regimes fechados como Irã e Cuba, sempre em nome de um discurso de “soberania” que, no fundo, mascara uma afinidade ideológica desconfortável com o autoritarismo.
Há quem diga que é apenas pragmatismo. Que o Brasil precisa diversificar seus parceiros, buscar alianças fora do eixo EUA–Europa, que são mercados exigentes e decadentes.
Mas os fatos contam uma história diferente. O que se vê é um governo que não apenas se aproxima por necessidade, mas se alinha politicamente, com entusiasmo e até reverência, aos regimes menos comprometidos com valores democráticos. Isso vai além da diplomacia: é um recado simbólico.
E enquanto o país se dobra a essas alianças internacionais questionáveis, a realidade interna se agrava.
A carga tributária atinge níveis recordes.
Os empresários estão sufocados, as políticas públicas escassas, a fila do INSS cresce, e os investimentos em saúde e educação diminuem.
Por outro lado, a propaganda do governo segue em alta, vendendo uma reconstrução que não chegou à ponta, que não toca o povo. É um governo que comunica, mas não executa; que aparece, mas não transforma.
Durante a pandemia — sob críticas justas e injustas — o Brasil superou expectativas. O agro cresceu, o setor externo respondeu, e o país mostrou resiliência. Hoje, paradoxalmente, com um governo que prometia paz e progresso, vemos uma nação sufocada por impostos, instabilidade institucional e discursos que mais parecem servir a interesses externos do que ao povo brasileiro.
Não, não é exagero dizer que vivemos uma espécie de autoritarismo disfarçado, onde o cidadão comum sente medo de opinar, onde empresas fecham em silêncio e onde o Estado parece cada vez mais obeso, mas ineficiente.
O alinhamento com ditadores não é apenas um erro diplomático — é uma declaração simbólica de intenções.
Lula não está sendo empurrado para isso por uma retração dos Estados Unidos. Está escolhendo esse caminho. E essa escolha é perigosa. Para nossa imagem no mundo. Para nossa democracia. E, principalmente, para nós, brasileiros, que continuamos esperando um governo que governe — de verdade — para o Brasil.
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